Em uma conversa com o coordenador e idealizador da ideia, o senhor Ricardo Ramalho, ele falou um pouco sobre os passos que fizeram a chegar neste projeto, e por que o Coco Ouricuri e o Maracujá do Mato.
Foto: Instituto Terra Viva, momentos dos Multirões
Haroldo - Como iniciou esta ideia de desenvolver ações voltadas à região do semiárido de Alagoas?
Ricardo - A pandemia obrigou um afastamento presencial da equipe de campo das Unidades Demonstrativas do projeto Ser-tão Mulher Juventude. Ocorreu um prejuízo na prática agroecológica rumo à consolidação dos Sistemas Agroflorestais implantados. Assim sendo, buscou-se uma metodologia que, de certa forma, compensasse o tempo que se perdeu. Com a retomada das ações vivenciais, construiu-se um método que mescla métodos e procedimentos que se conceituou como Mutirão Agroecológico. O mutirão é conhecido nas comunidades rurais como um agrupamento de pessoas se unem para executar, coletivamente, obras e serviços de maneira solidária e sem remuneração. Ancorado nesse tipo de movimentação, o Instituto Terraviva, adaptou essa tradição para animar a recuperação e evolução das Unidades Demonstrativas, eixos centrais dos objetivos do projeto. Com base na aplicação desse método, se firmaram os objetivos de reanimar a participação nos grupos de condução das unidades demonstrativas, recapacitar o público em práticas de manutenção dos SAFs e estimular a ampliação das áreas e replicação do modelo agroecológico, na perspectiva de formar núcleos produtivos orgânicos.
Haroldo - Com o desenvolvimento desta iniciativa, qual o objetiva que é priorizado?
Ricardo - As práticas priorizadas nos mutirões foram selecionadas como aquelas de menor conhecimento do público e de necessidade do aprendizado vivencial. Também, de maior importância no estabelecimento dos sistemas agroflorestais, quais sejam: podas, adubação complementar, cobertura morta e viva, controle de organismos concorrentes e acompanhamento dos sistemas de geração fotovoltaica e irrigação.
Haroldo - Quais os encaminhamentos após a realização dos multories?
Ricardo - Com o bom encaminhamento dos mutirões nas unidades demonstrativas, resolveu-se estender a experiência para as oficinas gastronômicas. Considerando que elegemos o Maracujá e o Ouricuri como culturas estratégicas, para o enriquecimento dos modelos de SAFs, difundidos na região, programaram-se mutirões sobre o beneficiamento dos produtos, no formato de oficinas agrupadas em eventos. Objetivou-se a valorização das espécies, seja pelo cultivo, inserido no desenho agroflorestal ou pelo extrativismo de plantas espontâneas que grassam na região, notadamente, o Ouricuri e o Maracujá do Mato. A programação constou de uma apresentação geral das potencialidades socioeconômicas e ambientais das plantas, seguindo-se de oficinas temáticas gastronômicas, versando sobre diversos procedimentos que resultam em produtos de valor agregado para uma melhor lucratividade do trabalho, eminentemente, apropriado para a agricultura familiar.
Haroldo - Para finalizar minhas perguntas, o que se tira de conclusão?
Ricardo - Os dois mutirões realizados reafirmaram a compreensão de que o caminho metodológico adotado é promissor. Dezenas de produtoras e produtores rurais, participaram com entusiasmo, das atividades e demonstraram, na prática, o desejo de melhoria da qualidade de vida, utilizando o que aprenderam nas oficinas. Portanto, consolidou-se um método em que saberes, sabores e fazeres se complementam em um encontro de trocas de conhecimentos e afetos pela promoção da vida, a partir da capacidade mobilizadora, pelo bem de toda sociedade.
Importante a atividade do Instituto Terra de valorização e reconhecimento dos saberes locais e com um aspecto tecnico e ordenado para propagação do conhecimento, ainda o projeto tende a atender outras comunidades, associações e entidades sociais com a ideia de fazer cursos localizados e especificos a valorização de ações e atividades que valeorizem o conhecimento local e popular, nos mesmos moldes dos multirões.
Parabenizamos ao Instituto Terra Viva pelo desenvolvimento de um trabalho de sustentabilidade no Alto Sertão de Alagoas que vem trazer um pouco mais de conhecimento e juntar com o conhecimento local e chegar a um resultado de uma ação sustentável prol as cadeias produtivas do Maracujá do Mato e o Coco Ouricuri.
Entrevista com Elan Ramalho ao Sertão Ambiental CLIQUE AQUI
Encerramento do Multirão do Coco Ouricuri CLIQUE AQUI
Panfleto do Multirão do Maracujá
Panfleto do Multirão do Coco Ouricuri
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