Em uma COP historicamente marcada pela centralidade da Amazônia e pela urgência de acelerar a implementação do Acordo de Paris, uma voz acostumada a lidar com o sol forte, a seca prolongada e a resistência das comunidades do semiárido conseguiu se destacar: a da Associação dos Produtores de Crédito de Carbono Social do Bioma Caatinga (APCCSBC), representada por seu presidente, Haroldo Oséias de Almeida.
Da Zona Verde à Zona Azul da COP30, realizada em Belém entre 10 e 21 de novembro de 2025, o que se viu foi a Caatinga deixando o papel de “bioma esquecido” para se afirmar como protagonista climático e portadora de soluções concretas para o Brasil e para o mundo. Wikipedia+1
Um sertanejo na COP da Amazônia
Logo no primeiro dia oficial da COP30, 10 de novembro, enquanto chefes de Estado e delegações negociavam textos complexos, Haroldo percorria os corredores da conferência em conversas rápidas, mas estratégicas, que ajudariam a pavimentar toda a atuação da semana seguinte.
Nesse início de jornada, a APCCSBC estabeleceu diálogos diretos com:
Além de mapear a Zona Verde (aberta ao público) e a Zona Azul (área oficial de negociações e eventos credenciados), Haroldo aproveitou para levar símbolos políticos e pedagógicos da Caatinga, como a entrega da camisa com a mensagem “Nem Drone nem Avião, Agroecologia é a Solução” a representante Simone do Nós na Criação e do Renovar Nosso Mundo.
Esse gesto simples dialoga com algo profundo: a ideia de que a transição ecológica real passa pela agricultura familiar, pela agroecologia e pelo fortalecimento dos territórios mais vulneráveis, como o semiárido.
O método brasileiro de crédito de carbono em vegetação nativa do semiárido
No dia 11 de novembro, a APCCSBC deu um passo decisivo para colocar a Caatinga no mapa das soluções climáticas globais: realizou, das 13h30 às 15h, uma atividade autogestionada para apresentar o método brasileiro de créditos de carbono em vegetação nativa do semiárido, construído com validação participativa.
.jpeg)
Ali não se falava apenas de toneladas de CO?, mas de um conceito de crédito de carbono social, que:
O Evento contou com a presença do Prefeito de Paulo Afonso Mario Galinho, Doutora Aldenir Ferreira, Judson Cabral Secretario de Meio Ambiente de Alagoas, Pricila do Instituto de Meio Ambiente de Alagoas, Zoraida associada da APCCSBC e o Haroldo Almeida.
.jpeg)
Na sequência, às 16h, a presença na Sessão de Lançamento do Plano Brasil Nordeste de Transformação Ecológica, na Zona Azul, reforçou o alinhamento entre Caatinga, Nordeste e agenda climática nacional.
Um dos momentos politicamente mais simbólicos do dia foi o diálogo com Cristina Reis, Secretária Especial de Crédito de Carbono do Brasil, que manifestou interesse em conhecer melhor o trabalho da Associação e registrou que a APCCSBC foi a primeira a apresentar a ela, de forma estruturada, o potencial da Caatinga no mercado de carbono.
É um marco silencioso, mas profundo: a Caatinga, tantas vezes invisibilizada, passa a ser reconhecida no coração da formulação de políticas de crédito de carbono do país.
Articulação com bancos, governos e parceiros estratégicos
A partir de 12 de novembro, a agenda entrou em uma fase de forte articulação institucional:
Nos dias seguintes, a agenda se adensou:
.jpeg)
.jpeg)
Neste mesmo dia, a entrega da camisa com a nova logomarca do Instituto Terra Viva a Sérgio Xavier (Enviado Especial da COP30) e a Cláudio Ademar reforçou a mensagem de integração de esforços pelo Rio São Francisco – um rio que nasce em áreas de Cerrado, atravessa a Caatinga e deságua no Atlântico, simbolizando o quanto os biomas e as populações estão interligados.
Financiamento, agricultura e fé: diálogos que atravessam o técnico e o humano
Após uma pausa importante no dia 16 de novembro, o retorno no dia 17 foi marcado por uma imersão no tema do financiamento climático na agricultura, com a participação no painel da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e conversas com Nelson (CNA) e Jorge (Banco do Brasil).
No dia 18 de novembro, a articulação se expandiu:
Reconhecimento internacional: Crédito de Carbono Integral entre as principais soluções da COP30
O dia 19 de novembro pode ser considerado um ponto alto de reconhecimento do trabalho da APCCSBC e de Haroldo Oséias de Almeida.
Pela manhã, a participação em um painel na Casa da Ciência, ao lado de diversos pesquisadores, reforçou a base técnico-científica do Crédito de Carbono Integral.
.jpeg)
Mais tarde, Haroldo acompanhou o lançamento das Soluções da COP30, em que a proposta do Crédito de Carbono Integral:
Em uma conferência global com centenas de iniciativas e propostas, o fato de uma solução nascida da Caatinga e do semiárido brasileiro alcançar essa posição é um sinal claro de que o mundo começa a enxergar o bioma não como problema, mas como parte essencial da solução climática.
À tarde, a participação no evento do Observatório de Pagamentos por Serviços Ambientais (OPSA), na House of Restoration, na Zona Azul, conectou o debate do Crédito de Carbono Integral com instrumentos de PSA e políticas territoriais de resiliência.
Resiliência territorial, cooperativismo e diplomacia da Caatinga
No dia 20 de novembro, Haroldo participou de um painel sobre Ativos e Serviços da Resiliência Territorial, com a Cooperativa Brasileira de Crédito de Carbono, aproximando ainda mais a experiência da APCCSBC de redes nacionais de finanças climáticas, cooperativismo e instrumentos de mercado.

Já no dia 21 de novembro, a Caatinga literalmente “ganhou tela” na COP30, com a organização e participação em um Vídeo Debate sobre o Bioma Caatinga, na Zona Verde. A atividade incluiu:
.jpeg)
Em paralelo, houve dois movimentos de articulação de grande potencial:
Essas ações demonstram que a APCCSBC não foi à COP30 apenas para assistir: foi para propor, negociar, articular e construir pontes concretas, tanto no plano internacional quanto nacional.
Muitos chapéus, uma só causa: a defesa da Caatinga e da justiça climática
Ao longo da COP30, Haroldo Oséias de Almeida atuou representando e/ou levando o nome de diversas entidades e territórios, entre elas:
* Em todos esses casos, levando o nome do Estado e dos municípios, ainda que sem representá-los oficialmente, o que torna a atuação ainda mais singular: é a sociedade civil organizada e enraizada no território que se coloca na linha de frente da diplomacia climática.
Essa multiplicidade de “chapéus” revela algo importante: a COP30 não é apenas um espaço de governos nacionais; é um espaço onde territórios, comitês de bacia, cooperativas, fóruns e associações disputam narrativas, recursos e prioridades. E, nesse cenário complexo, a APCCSBC se consolidou como referência quando o assunto é Caatinga, crédito de carbono social e regeneração vinculada à justiça socioambiental.
Um saldo em tom de esperança
A COP30, como toda conferência da ONU sobre clima, teve seus impasses, disputas e textos de decisão que nem sempre correspondem à urgência sentida nas comunidades que lidam diretamente com a seca, a fome, as enchentes e o desmatamento. ONU+2Financial Times+2
Mas, olhando sob a ótica da Caatinga, o saldo da participação da Associação dos Produtores de Crédito de Carbono Social do Bioma Caatinga e de Haroldo Oséias de Almeida é claramente positivo e inspirador:
O bioma Caatinga entrou de vez na agenda climática global, não apenas como área vulnerável, mas como fonte de soluções técnicas, sociais e inovadoras.
O Crédito de Carbono Integral alcançou reconhecimento entre as principais soluções da sociedade civil presentes na COP30, indicando um caminho concreto para financiar a regeneração e fortalecer famílias do semiárido.
Fiz o meu melhor para honrar cada um que ajudou a garantir nossa representação aqui na COP30. As pontes construídas com bancos públicos, cooperativas, governo federal, Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, parceiros internacionais e redes de fé ampliam a possibilidade de transformar ideias em projetos, projetos em políticas e políticas em mudança de vida concreta nos territórios da Caatinga e da Bacia do São Francisco.
Em meio a incêndios florestais, crises políticas e negociações tensas que marcaram o contexto da conferência, Wikipedia+1 a presença da APCCSBC em Belém funciona como um contraponto de esperança concreta: mostra que, enquanto o mundo discute metas, comunidades do semiárido já estão desenhando, testando e validando caminhos de regeneração que unem ciência, tradição e justiça climática.
Se a COP30 foi, como muitos disseram, a COP da implementação, a trajetória de Haroldo Oséias de Almeida na conferência deixa uma mensagem clara:
implementar, no caso da Caatinga, significa reconhecer o protagonismo de quem já vive há séculos equilibrando escassez e abundância, e agora oferece ao mundo uma nova forma de pensar carbono, território e futuro.
Utilize o formulário abaixo para comentar.
Dólar5,34835,35130.0175
Euro6,19586,21120.015317


