A advogada Maria Cristina de Lima Guerra, 39, moradora da cidade de Delmiro Gouveia, Sertão de Alagoas, conseguiu na Justiça o direito de acrescentar na carteira de identidade os nomes dos pais adotivos, com isso, tem dois pais, duas mães e oito avós nos documentos pessoais.
Quando tinha apenas 4 anos de idade, ela perdeu a mãe em um acidente automobilístico e dois anos depois o pai foi assassinado, ambos em Inhapi, também no Sertão de Alagoas. Ela e seis irmãos ficaram órfãos. “Minha irmã, de 15 anos na época, ficou responsável por todos nós, os irmãos mais novos. Foi um momento difícil, mas não chegamos a passar fome porque algumas pessoas nos ajudavam”, disse.
Seis anos depois, um casal conhecido da família de Maria Cristina mudou-se de São Paulo (SP) para a cidade de Delmiro Gouveia, onde conheceu a menina órfão e a história trágica dos pais dela. Genivaldo Oliveira Guerra e Maria Reis Guerra, ambos comerciantes, não podiam ter filhos biológicos, por isso, depois de conhecer Maria Cristina e a tragédia que ocorreu com os pais dela, decidiram adotá-la.
Com 12 anos de idade na época, a advogada lembra que não se opôs à adoção porque já tinha uma boa convivência com os futuros pais adotivos. “Passei a morar com eles e fui bem recebida por toda a família deles, que agora é também a minha família”, contou Maria Cristina, destacando o carinho da avó, mãe da mãe adotiva. “Ela me recebeu com presentes e muito carinho”, disse.
Advogando em causa própria
Anos mais tarde, o pai adotivo de Maria Cristina estava preocupado com o futuro da filha e queria que ela elaborasse um testamento que a beneficiasse. Já graduada em Direito e advogando, Maria Cristina se baseou em uma causa que defendia no momento e decidiu, ao invés do testamento, ingressar com uma ação judicial que resultou na inclusão dos pais adotivos nos documentos pessoais dela.
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Registro de nascimento de Maria Cristina consta nomes de pais adotivos (crédito: Jota Silva) |
O processo pioneiro em Alagoas teve início em 2015 e a sentença foi proferida em 2016, mesmo ano em que Maria Cristina iniciou a mudança nos documentos pessoais para acrescentar o nome dos pais adotivos neles e também o sobrenome deles no nome dela. No vídeo abaixo, a advogada mostra as mudanças que aconteceram na documentação pessoal:
Por motivos de saúde, os pais de Maria Cristina voltaram para São Paulo (SP), mas ela permaneceu residindo em Alagoas, onde casou-se com o engenheiro civil José Ulisses da Silva Neto, natural de Palmeira dos Índios, região Agreste de Alagoas. O marido relata no áudio abaixo que ficou surpreso quando notou a quantidade de pais, mães e avós nos documentos da esposa.
Ulisses e Maria Cristina têm uma filha de um ano e oito meses. A pequena Alice Guerra da Silva tem seis avós na certidão de nascimento, sendo dois paternos e quatro maternos.
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Registro de nascimento da filha de Maria Cristina também tem nomes de pais adotivos dela (crédito: Jota Silva) |
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