A minuta de decreto encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, prevendo a decretação de Estado de Defesa no TSE para mudar o resultado da eleição, é a primeira prova de que o governo Jair Bolsonaro (PL) cogitou dar um golpe e complica a situação do ex-presidente.
A avaliação é da equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de investigadores da Polícia Federal.
Segundo investigadores, o documento complica a vida do ex-ministro da Justiça e também a do ex-presidente. Eles dizem que os dois, nas investigações, terão de explicar o objetivo do decreto.
A PF, da qual Torres faz parte, avalia que as primeiras explicações do ex-ministro da Justiça e ex-secretário da Segurança Pública do Distrito Federal não convencem.
Torres alega que o decreto foi uma proposta descartada, que seria triturada. Mas os investigadores lembram que ele precisa dizer quem era o pai da ideia.
Depois da divulgação da existência do documento, a cúpula do Palácio do Planalto formou a convicção de que surgiu a primeira prova de que Bolsonaro não estava apenas fazendo ameaças, mas planejava sim um golpe no país.
"É um elo da corrente golpista", classificou o ministro da Justiça, Flavio Dino. "É gravíssimo e é a materialidade que mostra o real objetivo dos eventos do dia 8 de janeiro", disse o ministro da Advocacia Geral da União, Jorge Messias.
Apesar de Torres negar nas redes sociais que era intenção do governo baixar o decreto, as declarações de Bolsonaro no ano passado corroboram que esse era um objetivo pretendido, nas quais o hoje ex-presidente dizia que a eleição de Lula não era legítima e a colocava em dúvida.
Em outro campo, a Polícia Federal avalia já ter provas contra financiadores e organizadores dos atos golpistas de domingo e vai indiciá-los. Já o governo Lula defende pressa nas investigações para que os processos cheguem no plenário do STF e os golpistas sejam condenados, barrando novos ataques aos Três Poderes.
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