O governo do presidente Michel Temer (PMDB) decidiu acabar de vez uma com o Ciência sem Fronteiras. O fim do programa foi anunciado neste domingo (2), após o atual ministro da Educação, Mendonça Filho, citar as falhas da iniciativa.
Ao invés de extinguir o Ciência sem Fronteiras, por que não aperfeiçoá-lo? Aprimorar os critérios de seleção, garantir capacitação aos alunos que queiram fazê-lo? O fato é que a extinção desse programa acaba de uma vez com a possibilidade de vários estudantes de famílias pobres incrementarem sua formação profissional com uma experiência no exterior.
Para a classe média e a classe alta, por outro lado, não muda nada: seus filhos continuam com a “chance” financiada pelos próprios pais de poderem ir ao exterior fazer intercâmbio, seja durante o Ensino Médio, seja durante a graduação.
Em geral, eles fazem uma “pausa”, ou seja, trancam a faculdade por um ano, e vão morar nos Estados Unidos para aperfeiçoar seu inglês ou fazer outro curso de interesse. Depois, retornam, retomam a faculdade e se formam. Sempre foi assim antes da igualdade de oportunidade proporcionada pelo Ciência sem Fronteiras, agora extinto. Estamos vendo, portanto, mais um retrocesso implementado pelo governo de Michel Temer e seus aliados.
Criado em 2011 durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o Programa Ciência sem Fronteiras ofereceu bolsas para alunos de graduação e pós-graduação, possibilitando a eles estágio no exterior com a finalidade de manter contato com sistemas educacionais modernos e competitivos.
O programa proporcionou a ida de 11.810 bolsistas ao exterior nos últimos anos, que tiveram a oportunidade de conhecer e estudar em países como: Austrália, Canadá, China, Estados Unidos, Reino Unido, Portugal, Espanha, França, Alemanha, etc.
Segundo o atual ministro Mendonça Filho (DEM), o programa consumiu cerca de R$ 3,2 bilhões, enviando alunos principalmente para universidades americanas e europeias. Além disso, afirma que o Ciência sem Fronteiras (CsF) beneficiou muitos alunos de classe média que tinham condições de bancar o intercâmbio. Outro ponto destacado pelo ministro é que o CsF não trouxe resultados devido à deficiência em inglês dos brasileiros e à falta de diretrizes claras sobre que perfil de estudante deveria ser financiado.
Diante desses argumentos apresentados pelo ministro, fica a seguinte reflexão: como iremos aperfeiçoar nossos estudos e competir com outros países em qualidade, senão temos no Brasil pesquisas e materiais adequados para melhorar a educação dos jovens universitários? Como um estudante de universidade pública irá bancar um estágio ou estudar inglês no exterior se mal consegue manter-se e concluir a graduação? Como, senhor Mendonça, os universitários podem estar preparados, se nas universidades do Brasil falta de tudo, desde material de pesquisa, professores qualificados e principalmente recursos básicos e manutenção?
É certo que o programa precisaria melhorar e se ajustar para que seja ofertada a oportunidade a quem de fato precisa e não teria condições de pagar, mas acabar com CsF diminui a 0% as chances do aluno universitário de classe baixa conseguir fazer um estágio no exterior.
É preciso oferecer oportunidades e aprimorar nossos futuros pesquisadores para que não tenhamos que contratar engenheiros, químicos, físicos, matemáticos, biólogos, etc., de outros países. É fundamental qualificar os futuros profissionais para que possamos competir com qualidade e ser um país referência em educação.
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