O Instituto da Previdência, Aposentadorias e Pensões (Iaprev) de São José da Tapera pode entrar em colapso no ano de 2023. Isso porque, de acordo com um advogado especialista no tema, nesse ano mais de 100 professoras que ingressaram no serviço público municipal em 1998 poderão entrar com seu pedido de aposentadoria, após terem completado 25 anos de exercício da função.
Porém, esse não é o único motivo que poderá quebrar o Iaprev do município. De acordo com o advogado José Romário Pereira, que é especialista em Regime Próprio de Previdência Social e em Direito Previdenciário, hoje os débitos mensais do Iaprev já são superiores à mais da metade do valor que se tem em caixa.
De acordo com ele, se, dos 180 professores de São José da Tapera que podem ser elegíveis à aposentadoria a partir de 2023, pelo menos 100 professoras realizarem seus requerimentos com direito à aposentadoria no valor médio de R$ 3.500,00, serão necessários, em média, R$ 350.000,00 por mês para manter o pagamento apenas dessa leva de requerimentos.
“Reiteramos, considerando os dados do Iaprev de 2015, que demonstravam um crédito de R$ 442.938,50 e débito de R$ 547.803,77. De pronto, já verificamos que está ocorrendo mais despesa do que receita, com déficit mensal de R$ 104.865,27. Consequentemente, a partir de 2023 o déficit mensal médio será de R$ 897.803,00. Ademais, considerando que, se não houver ingresso de novos servidores por concurso, a fonte de arrecadação se manterá a mesma”, calculou o especialista.
Por isso, na opinião dele, o Iaprev de São José da Tapera estará quebrado em 2023. Uma das medidas que poderiam evitar essa situação, segundo ele, seria o município aumentar a contribuição previdenciária dos servidores ativos, passando dos atuais 11% para 15%. Por outro lado, essa seria uma medida impopular. “Outra atitude que o município pode adotar é quitar os débitos dele próprio com o Iaprev, o que poderia amenizar a situação que já é iminente”, pontuou o especialista José Romário Pereira.
“Isso é muito preocupante. O caixa tem que ter disponibilidade financeira para eventuais epidemias, como, por exemplo, diversos trabalhadores doentes, e para aposentadorias em massa, como no caso dos servidores nomeados em 1998. Porém, não é o que acontece hoje com o Iaprev de São José da Tapera”, avaliou o especialista.
Segundo ele, o regime de previdência dos servidores públicos nos municípios que possuem os chamados Iaprevs é fechado para o ingresso de contribuições de servidores contratados ou comissionados, isto é, o caixa desses institutos só recebe valores de contrapartida dos servidores concursados e da cota patronal, que é a parte que cabe à prefeitura.
“Diferentemente do INSS, que recebe dinheiro de diversas fontes de financiamento, tais como: empregados, domésticas, empregados públicos, facultativos, empresas, objetos apreendidos na Receita Federal, prêmios de loterias, etc. Assim, confirmamos que é limitada a captação de recursos para manutenção do pagamento das aposentadorias e pensões dos Iaprevs”, analisou José Romário Pereira.
Procurada pela reportagem do Correio Notícia, a diretora do Iaprev de São José da Tapera, Luciana Ricardo Gomes, disse que até a próxima semana os valores atualizados sobre créditos e débitos do Instituto estarão disponibilizados no Portal da Transparência do município, na internet. Sobre a possibilidade de colapso do Iaprev daqui a sete anos, ela disse que também irá se pronunciar sobre o tema na próxima semana.
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