Porém, apesar da surpresa causada na maioria, o tema segue a tendência de anos anteriores, ao colocar em evidência assuntos ligados a minorias ainda marginalizadas no país. Em 2016, o tema foi "Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”.

Tanto naquele ano quanto agora, a “chave” para fazer um bom texto é falar sobre inclusão, respeito, tolerância e políticas públicas, além de iniciativas da sociedade civil organizada. Por esse aspecto, a surpresa tem menos impacto para estudantes que, ao longo de sua preparação, falaram sobre outros temas ligados à inclusão social e combate à exploração e abuso de minorias.

Muita gente acreditava que, neste ano, o tema seria relacionado à homofobia, o que também faria com que os alunos escrevessem sobre inclusão, tolerância, respeito e políticas públicas. Desse modo, quem se preparou adequadamente para outros temas poderá usar suas habilidades para fazer um bom texto sobre o tema do Enem 2017.

Por outro lado, vale destacar a iniciativa do Ministério da Educação (MEC) e do Inep como bastante positiva ao colocar a formação educacional de surdos como tema para um debate tão amplo, tendo em vista que mais de 6 milhões de alunos estão inscritos no Enem e terão que refletir sobre o assunto.

A inclusão deste grupo social – os surdos – ainda enfrenta vários desafios, tanto na educação quanto no mercado de trabalho, ou mesmo na vida em sociedade, no cotidiano. É desafiador para eles, protagonistas de histórias muito particulares e geralmente agregadas a bastante sofrimento, e é também para as instituições que devem recebê-los dignamente.

Estão as escolas das redes pública e privada devidamente estruturadas para formar cidadãos portadores de surdez? É fácil encontrar vagas para matricular crianças com surdez? E o mercado, oferece vagas para esse grupo social?

As questões ainda são muitas, enquanto as respostas são poucas e reduzidas a palavras negativas ou de tom “insuficiente”. Diante do tema colocado para debate nacional pelo Enem, espera-se que, daqui por diante, os próprios governos dediquem mais atenção, recursos e empenho ao tema.