No âmbito das escolhas profissionais, o desejo pelo sucesso a todo custo pode iludir e causar frustrações, com isso, o termo “Se nada der certo” vem bem a calhar. Foi pensando assim que alunos do 3º ano do ensino médio de um colégio particular de Novo Hamburgo, no interior do Rio Grande do Sul, fantasiaram-se de profissionais como vendedor de loja, gari, ambulante, artista de rua, cozinheiro, etc.
A proposta, ou “brincadeira”, como tem sido tratada, chamou atenção para um grave problema social: o preconceito de classes, ou seja, a desvalorização das profissões mais simples. Nessa “brincadeira” em que poucos riem, não é preciso obter curso superior ou haver concluído o ensino médio, pois, ao vestirem-se com roupas e uniformes que atribuem ao “fracasso”, os alunos demonstraram que vendedores, garis, faxineiros, empregados domésticos, etc., são profissões de pessoas “incompetentes”, sem estudo ou instrução.
Será que, com essa visão de mundo, os jovens dessa instituição de Novo Hamburgo (RS) estão preparados para a vida? Será que eles ainda não entenderam os conceitos básicos e fundamentais da existência? Será que eles apenas aprenderam a valorizar os profissionais que têm diploma universitário ou alta remuneração?
Observa-se, neste caso, o encanto com determinadas áreas que, historicamente, estão ligadas a certo “status” e reconhecimento social, como Engenharia, Medicina e Direito. Com isso, nota-se que as demais carreiras profissionais não são admiráveis, mas desprezadas através de um preconceito que está tão enraizado.
Aparentemente, foi só uma “brincadeira” e não parecia haver nada de errado, porém, foi preciso polemizar para que o tema se tornasse objeto de reflexão em meio a diversas atividades discriminatórias que acontecem todos os dias. Infelizmente, esses alunos do Rio Grande do Sul deram uma péssima contribuição ao debate, à tolerância e à valorização de diversas categorias profissionais.
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