A falta de professores em todas as áreas, que já é uma situação séria hoje, pode ficar pior. Isso porque os jovens que ingressam na carreira de licenciatura estão perdendo o encanto pela profissão rapidamente e, dessa forma, procurando empregos em outros setores. Eles querem se livrar do estresse, dos problemas de saúde, da indisciplina dos alunos e da má remuneração.
Dados oficiais indicam que, no Brasil, faltam hoje entre 300 e 400 mil professores nas salas de aula, em todas as disciplinas. Uma solução paliativa que os governos encontram é a contratação de monitores – profissionais ainda em formação e que, devido à situação de monitoria, não têm todos os direitos assegurados, como ocorre no caso dos professores efetivos.
Boa parte dos docentes, assim que saem das universidades e chegam às salas de aula – tanto em escolas públicas quanto privadas –, encontram um ambiente propício para a aquisição de doenças relacionadas ao trabalho, entre elas o estresse e os problemas relacionados à voz, o aumento da indisciplina entre os alunos, a falta de interesse da maioria dos estudantes com a escola e com o aprendizado, a disputa entre a aula e o celular conectado à internet, um conjunto de normas que “facilitam” a vida do aluno, dando a ele chances de aprovação, mesmo quando este não se dedica o suficiente para passar de ano, e, o pior de tudo, a baixa remuneração.
Por isso, muitos profissionais fazem da docência apenas uma passagem, um período para obter alguma remuneração após a faculdade até conseguirem um emprego melhor. É uma pena que isso ocorra, pois muitos talentos são perdidos.
Segundo dados do governo brasileiro, 25% dos docentes têm menos de 30 anos, enquanto apenas 12% estão com idade acima de 50 anos. Isso ocorre porque o professor ingressa na carreira ainda jovem, logo que sai da universidade, porém, fica pouco tempo. Ele deixa as salas de aula assim que consegue emprego em outra área.
É por essa razão, entre outras, que a carência de professores nas salas de aula chega a 400 mil profissionais. E a tendência é piorar. Segundo uma pesquisa da Fundação Carlos Chagas, apenas 2% dos jovens brasileiros querem ser professores. Podemos deduzir que, destes 2%, no futuro, algo em torno de 10% continuarão na carreira. Os demais terão mudado de área pelos motivos já citados.
Agora, cabem alguns questionamentos: as escolas (públicas e privadas) estão se preparando para o ensino sem a mediação do professor em sala de aula? Como serão as escolas do futuro, sem professores? Como será a formação dos futuros profissionais sem o apoio do professor? Estaremos mesmo preparados para “dispensar” esse profissional?
Ou será que, quando o caos estiver instalado devido à falta de professores interessados em assumir uma sala de aula, estes profissionais serão reconhecidos como deveriam? Será que, quando o caos chegar, os alunos, como num passe de mágica, mudarão suas posturas diante do professor para que possam mantê-lo em sala de aula?
Não temos respostas, hoje, para esses questionamentos. Mas podemos afirmar que, caso as mudanças não sejam efetivadas o quanto antes, não haverá espaço atrativo nas salas de aula para o professor do futuro, ao mesmo tempo em que nossa educação, ainda atrasada em diversos aspectos, não estará pronta para existir sem esse profissional.
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