A mais nova edição da Crusoé, revista do site direitista O Antagonista, traz uma reportagem que repercute as denúncias feitas pelo ex-ministro Gustavo Bebianno de que Carlos Bolsonaro teria criado uma “Abin paralela” no governo. A publicação diz que é “imperativo” investigar o caso.
No programa Roda Viva, da TV Cultura, na última segunda-feira (2), Bebianno, que rompeu com Bolsonaro após ser fritado por Carluxo e demitido do governo, disse que o vereador carioca, desde do início do mandato de seu pai, tinha a ideia de criar uma agência de espionagem paralela à Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O objetivo, segundo ele, seria perseguir adversários, que podem ir desde políticos até jornalistas. Isto é, uma agência que funcionaria em prol dos interesses pessoais da família Bolsonaro, e não do país, como a Abin deve ser por lei.
De acordo com Bebianno, a ideia foi tocada adiante, mesmo diante dos alertas de pessoas próximas do governo de que isso poderia resultar em um processo de impeachment contra Bolsonaro.
“A se considerar o que diz Bebianno, cujo relato ganha relevância por se tratar do primeiro vindo de alguém que tinha trânsito e prestígio no núcleo duro do governo, não era só a baixa eficiência da Abin que preocupava Carlos. E também não foi essa a razão primordial de ele ter proposto a criação de uma estrutura paralela, a cargo de policiais federais de sua estrita confiança . Segundo o ex-ministro, tudo indicava que o objetivo era criar condições para fazer serviços nada republicanos, como escarafunchar a vida de adversários do governo”, diz a reportagem da Crusoé, assinada por Fábio Serapião.
O texto chama a atenção ainda para o fato de que, ainda que não se tenha certeza de que a “Abin paralela” tenha sido realmente criada, Carlos Bolsonaro conseguiu emplacar na presidência da Abin oficial o delegado federal Alexandre Ramagem, de que se tornou amigo ainda no período da campanha.
“O relato [de Bebianno], por sua gravidade, merece apuração. Até mesmo para que não pairem dúvidas se a estrutura foi ou não montada – e, caso tenha sido, seja possível descobrir para que serviu e se ela ainda está em atividade. Na entrevista, Bebianno se negou a revelar os nomes dos três policiais que o filho 02 do presidente queria levar para a “Abin paralela”. Com fontes que tiveram contato com o episódio, porém, Crusoé apurou que a lista incluía ao menos um policial que Carluxo conseguiu, depois, emplacar na estrutura oficial da Abin”, diz ainda o texto.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (6), o ministro Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ao qual a Abin é subordinada, que a suposta “Abin paralela” é “devaneio de amadores”.
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