O assassinato do então prefeito de Batalha José Miguel Rodrigues Dantas, conhecido como “Zé Miguel”, tido como um dos últimos “coronéis” do Sertão alagoano, em março de 1999, foi o primeiro crime a envolver os nomes das famílias Dantas e Boiadeiro.
Na época, segundo as investigações, o político, que tinha fama de poderoso, teria sido assassinado a mando de José Laércio Rodrigues de Melo, conhecido como “Laércio Boiadeiro”. O motivo do crime teria sido a disputa por terra e pelo poder de mando na cidade de Batalha.
“Zé Miguel” e a esposa, Matilde Toscano, foram mortos a tiros na AL-220, entre Batalha e Jaramataia, durante uma perseguição na noite do dia 20 de março de 1999. “Zé Miguel” era irmão do atual deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa Estadual (ALE) Luiz Dantas (PMDB), que na época do crime era deputado federal.
Treze anos após o crime, em 2012, “Laércio Boiadeiro” foi condenado a 35 anos de prisão em segundo julgamento, mas atualmente está em liberdade.
Crimes e vingança 10 anos depois
Em 2006, durante uma confusão em Batalha, foram mortos a tiros Samuel Theomar Bezerra Cavalcante e o sargento reformado da Polícia Militar de Alagoas, Edvaldo Joaquim de Matos, que eram, respectivamente, cunhado e segurança do então prefeito de Batalha, Paulo Dantas – Paulo é filho do deputado Luiz Dantas e sobrinho do ex-prefeito Zé Miguel. O crime foi atribuído a pessoas da família Boiadeiro.
Já em outubro de 2016, em Belo Monte, durante uma operação policial que tinha como objetivo o desmonte de uma suposta quadrilha de roubo a banco, dois jovens foram mortos pela polícia. Um deles era Emanuel Messias de Melo Araújo, conhecido como “Emanuel Boiadeiro”, 30.
A família disse que a morte foi uma vingança comandada por um policial civil, que seria filho do sargento Edvaldo Joaquim de Matos, morto durante a confusão em 2006, em Batalha. O outro jovem morto na operação, em Belo Monte, foi Fabrício Barbosa dos Santos, que dormia no mesmo quarto que Emanuel.
Contratado pela família Boiadeiro para fazer uma perícia na casa onde ocorreram essas duas mortes, o médico legista George Sanguinetti afirmou, em dezembro do ano passado, que não houve confronto com a polícia, e sim execução. Procurada pela reportagem do Correio Notícia na época, a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) não comentou as alegações da família nem as conclusões de Sanguinetti.
Crime a mando da prefeita?
Em julho deste ano, a atual prefeita de Batalha, Marina Dantas (PMDB), que é esposa do ex-prefeito Paulo Dantas e nora do deputado estadual Luiz Dantas (PMDB), foi acusada por Antônio Silvino dos Santos de ter mandado matar um filho dele.
José Marcos Silvino dos Santos, 29, foi morto a tiros no dia 28 de junho, em Arapiraca. A acusação foi feita por Antônio Silvino dos Santos em um programa de rádio, em Arapiraca, no dia 7 de julho.
Segundo Antônio Silvino, o filho dele estava na companhia de outros homens, entre eles Emanuel Boiadeiro, no ano de 2006, quando eles moravam em Batalha, na ocasião que resultou na morte de Samuel Theomar Bezerra Cavalcante (irmão da atual prefeita Marina Dantas) e do sargento reformado da Polícia Militar de Alagoas, Edvaldo Joaquim de Matos.
Durante a entrevista na Rádio Gazeta, Antônio Silvino afirmou que, na ocasião do crime, Marina Dantas, na época primeira-dama, jurou vingança contra os envolvidos na morte do irmão dela. “Não foi meu filho quem matou, ele apenas estava na companhia dos outros, mas quem matou foi o Emanuel Boiadeiro”, declarou seu Antônio.
De acordo com ele, por conta dessa ameaça, a família mudou-se para Arapiraca. “Ele não tinha envolvimento com nada, não era ameaçado por ninguém, e já respondia em liberdade a um processo por conta desse crime que ocorreu em 2006 lá em Batalha”, reforçou Antônio Silvino. Na época da entrevista, a prefeita não emitiu nenhum comunicado à imprensa sobre as acusações de Antônio Silvino.
Morte de Neguinho Boiadeiro
O vereador por Batalha Adelmo Rodrigues de Melo, conhecido como “Neguinho Boiadeiro” (PSD), 61, foi assassinado a tiros, na tarde desta quinta-feira (9), ao sair da sessão ordinária da Câmara Municipal de Vereadores, localizada na Rua Professor Arthur Ramos.
De acordo com testemunhas, ao sair do prédio, a vítima entrou no carro dela, uma Pajero, de cor preta e placa não divulgada, e dirigiu por cerca de 100 metros, quando foi surpreendida com vários disparos de arma de fogo, que teriam sido efetuados por outros dois homens que estariam a pé.
Momentos depois da morte de “Neguinho Boiadeiro”, em Batalha, a casa do agropecuarista José Emílio Dantas, 48, filho do ex-prefeito “Zé Miguel”, foi invadida por homens armados, que tentaram matá-lo. Também armado, Emílio Dantas conseguiu reagir. Ele foi ferido e socorrido para o Hospital Geral do Estado, em Maceió, onde passa bem.
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