Com o tema "Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”, a Redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2016 trouxe à tona, neste domingo (6), um assunto que exige dos candidatos um bom conhecimento de cultura geral.
É um tema que, diferente de outros, foge da argumentação baseada apenas em “necessidade de políticas públicas”. Não que elas não sejam necessárias quando o assunto é intolerância, pois continuam sendo, mas o fato é que só existe intolerância porque existem pessoas que foram “educadas” para pensar dessa forma.
Por isso, ter intolerância quanto às religiões diferentes é algo que não se resolve com leis, portarias, decretos ou políticas públicas. É uma questão que tem muito mais a ver com a formação, algo que vem da criação oferecida ao indivíduo pela própria família.
Dessa forma, um dos caminhos para se combater a intolerância seja, talvez, oferecer conhecimento sobre tais credos. A escola, assim como os meios de comunicação e a própria família, pode assumir o papel de oferecer esse conhecimento – sem que, para isso, “incentive” a prática desta ou daquela religião.
Até porque, como se sabe, não é necessário ser praticante de alguma religião para ser um cidadão íntegro, honesto, praticante da caridade, da paz, da justiça e da tolerância. Religião (ou falta dela) não define caráter.
Algumas pessoas – não todas – são intolerantes porque são ignorantes, ou seja, porque não têm o conhecimento necessário. Outras são intolerantes por pura arrogância, egocentrismo e narcisismo, pois não aceitam aquilo que não lhes convêm, que não se parece com o seu “próprio mundo”. Entre elas, estão praticantes de algum credo e outras que não seguem religião nenhuma.
Enquanto alguns brasileiros não toleram a religião dos outros apenas porque a consideram “estranha”, “misteriosa”, “enigmática”, “pecadora”, toleram a corrupção, a improbidade administrativa e o mau uso do dinheiro público quando são beneficiários diretos ou indiretos dessas práticas.
O que não se deveria tolerar é a perda de direitos sociais e trabalhistas, é a exploração de um indivíduo por outro, é o Estado paternalista e ao mesmo tempo seletivo, que mira aqueles que vão receber suas benesses.
A religião, desde que não intimide ninguém a nada, não provoque ameaças ao restante da sociedade, não cause barulho excessivo aos ouvidos da vizinhança durante seus cultos e nem sacrifique animais (por serem todos indefesos e irracionais diante do homem) nem outros seres humanos em homenagem a quaisquer deuses, pode e deve ser praticada livremente. Cada homem e cada mulher, por ter o livre arbítrio, pode escolher qual credo quer professar e ninguém tem nada a ver com isso.
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