Você já deve ter ouvido por aí alguns pais dizerem que seus filhos estão de “namorico” com um(a) coleguinha da escola. A cena tem se tornado “corriqueira” e muitos pais tratam com naturalidade. Em alguns casos, acham graça e incentivam a “brincadeira”. Até aí, parece normal.
Porém, não é isso o que diz a campanha "Criança não namora nem de brincadeira", realizada pela Secretaria de Assistência Social do Amazonas, em parceria com o blog Quartinho da Dany (professora Dany Santos). A iniciativa foi alvo de várias discussões e conquistou milhares de pais, professores e profissionais que lidam diretamente com o universo infantil.
Quando falamos em universo infantil, não estamos nos referindo apenas ao desenvolvimento motor, de fala e de cognição. É preciso pensar de forma mais ampla e integrada, pois no processo de aprendizagem das crianças, muitas das coisas que elas sabem são reflexo da reprodução daquilo que veem em casa, na escola, na rua, na internet ou que são incentivadas a fazer ou a dizer.
Por isso, não é raro notar que, em idade escolar, muitos pais incentivam seus filhos a terem um(a) “namoradinho(a)”. Não raras as vezes, vemos as meninas vestidas e se comportando como adolescentes, assim como notamos que é cada vez mais comum que as crianças sejam expostas à realidade dos adultos. Quantas vezes você já ouviu uma criança dançando, cantando ou vendo programas televisivos (incluindo novelas) inapropriados para a faixa etária delas?
Se pararmos para observar as crianças hoje em dia, temos a sensação de que estamos vendo “mini-adultos”. Mas afinal, o que é “adultizar” uma criança? Para os especialistas, é o processo de querer acelerar o desenvolvimento para que elas se tornem adultos. É provocar a perda da infância, da socialização, da coletividade e do mais importante: a fase de brincar livremente. Esse processo também causa baixa autoestima, carências, adianta a maturação afetiva e sexual da criança.
Ainda segundo os especialistas, o fato de querer ser adulto antes da hora compromete a identidade das crianças. Pois, quando a mente delas, que deveria estar focada no lúdico e no aprendizado diário, volta-se de forma exagerada para questões do corpo e do sexo, é chegada a hora de conversar. O diálogo entre pais e filhos permitirá que eles tenham mais segurança para perguntar a respeito de qualquer coisa e liberdade para contar suas experiências.
A escola e os professores, por sua vez, devem promover processos educativos em que os pequenos possam falar sobre o corpo, fazer perguntas, expor suas inquietações, medos, ansiedades e alegrias ligadas à descoberta da sexualidade de forma segura e apropriada para a faixa etária.
Não se trata de repressão ou puritanismo, não se trata de fazer juízo de valor sobre o quão adequado é ou não ter um período da infância, seja ele curto ou longo, mas sim de rever como estamos criando e educando nossas crianças. É fundamental que os adultos parem de achar que tudo é “brincadeira”.
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