O século é 19, o cenário Inglaterra, neste período o papel da mulher na sociedade era limitado a ser esposa, mãe e dona de casa, com quase nenhum espaço no mercado de trabalho. Apesar da Inglaterra viver o auge da Revolução Industrial, não havia lugar de destaque e nem aceitação da mulher no mercado de trabalho ou exercendo qualquer profissão.
Em um contexto dominado pelo homem e amplamente preconceituoso, eis que surge Florence Nightingale, uma mulher de classe média, intelectual, desgarrada de alguns costumes sociais de sua época, focada em cuidar das pessoas para promover a saúde, revoltada com os desmandos, erros de estratégia e desumanidade de líderes durante a condução da “Guerra da Crimeia”, que já havia matado alguns milhares de seus compatriotas e que disse verdades duras à rainha Vitória quando teve com ela um encontro presencial.
Florence Nightingale ousou e tomou atitudes que lançaram as bases para o que viria a ser, tempos depois, a Enfermagem como profissão, como ciência e como missão. Mais do que cuidar, ela inovou, pois desafiou os chefes militares para que pudesse aplicar as técnicas de enfermagem da forma adequada, com melhores condições de trabalho para ela e para outras enfermeiras e em um ambiente melhor higienizado e mais digno para os enfermos.
Suas atitudes contribuíram para reduzir o número de mortos, garantindo-lhe reconhecimento e uma certa popularidade. Ela foi tão assertiva no que difundiu que, atualmente, é considerada a principal expoente da história da Enfermagem mundial, tendo a data de seu nascimento, 12 de maio, celebrada como o Dia Internacional da Enfermagem. Uma data comemorada para homenagear os profissionais enfermeiros que lutam diariamente para firmar a profissão como ciência e obter o reconhecimento profissional e humano.
Diante do atual cenário em que enfrentamos uma pandemia, não é difícil reconhecer o papel decisivo dos enfermeiros em um hospital ou em um serviço ambulatorial de saúde. É evidente o protagonismo do enfermeiro, pois este ampara o doente enfraquecido, pega veias invisíveis para administrar soro e os antibióticos. Além disso, você já deve ter tido a companhia e recebido a tranquilidade destes profissionais nos momentos de fragilidade psicológica ou na solidão das madrugadas dos hospitais.
Ao não notarmos o papel dos enfermeiros e técnicos de enfermagem, estamos demonstrando a nossa falta de empatia por aqueles que sempre nos recebem e cuidam, pois não basta reconhecer em palavras o valor do seu trabalho. É preciso cobrar aos nossos representantes o reconhecimento salarial e lutar junto a estes profissionais por melhores condições de trabalho.
Para isso, nós, sociedade, devemos exigir dos senadores que aprovem o Projeto de Lei (PL) 2564, o qual fixa o piso salarial nacional de enfermeiros e técnicos de enfermagem. Desta forma, traremos à luz a importância dos enfermeiros nas unidades de saúde, dando-lhes o papel de protagonistas e o reconhecimento que eles merecem.
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