Hospitalizado desde a tarde da última quinta-feira (9), o preso Gilson da Silva conseguiu escapar da Unidade Mista e Emergência Doutor Antenor Serpa, localizada em Delmiro Gouveia, durante a madrugada deste sábado (11). Ele é acusado de homicídio e suspeito de outros crimes ocorridos no município.
Gilson da Silva tinha sido detido por uma guarnição da Companhia de Operações Policiais Especiais do Sertão (Copes-Caatinga), em cumprimento a um mandado de prisão preventiva, expedido pela comarca do município. No momento da prisão, que aconteceu em Delmiro Gouveia, na quinta-feira (9), o acusado, que era considerado foragido da Justiça, disse que estava passando mal e foi levado pelos policiais para o hospital da cidade, onde ficou internado.
Diante da situação, o delegado do município de Inhapi, José Walter Fontes Cunha, plantonista na Delegacia Regional de Polícia (1ª-DRP), sediada em Delmiro Gouveia, solicitou à unidade de saúde a transferência do preso para o presídio do agreste, localizado em Girau do Ponciano, alegando que não havia efetivo policial para manter o preso custodiado no hospital e nem a cadeia regional dispunha de condições para mantê-lo recluso, por causa dos cuidados médicos que ele necessitaria.
O delegado explicou no ofício enviado ao hospital que no referido presídio há um setor médico que poderia oferecer o suporte necessários ao detento. A médica Bárbara Larine Gonçalves Damasceno, responsável pelo atendimento de Gilson da Silva, respondeu o ofício do delegado negando a transferência, sob o argumento de que o paciente não tinha condições clínicas de ser transferido para o presídio.
Por conta disso, um policial civil foi designado para ficar na porta do leito onde o preso estava internado, mas a equipe médica plantonista não teria permitido a permanência do agente na parte interna do hospital, alegando que poderia haver uma contaminação hospitalar. Com isso, o policial ficou na portaria da unidade de saúde, contando com o apoio de guarnições da Copes – Caatinga e de guardas municipais que ficaram realizando rondas nas proximidades do hospital.
Uma parente de Gilson da Silva, que não se identificou, chegou a participar de um programa jornalístico em uma emissora de rádio da cidade para reclamar da solicitação de transferência realizada pelo delegado. Ela alegou que o parente estava com convulsões decorrentes de um problema que tinha na cabeça e que, por conta disso, não havia condições de ser transferido para o presídio.
O delegado Rodrigo Rocha Cavalcanti, titular da 1ª-DRP, afirmou para a reportagem do Correio Notícia que vai instaurar um inquérito para investigar a fuga do preso. “Não tem como compreender como é que um paciente sofre de uma doença em fase terminal, conforme alegou familiares, e consegue fugir da polícia algemado a uma cama”, questionou.
“Há oito dias, os mesmos policiais da Copes que o prenderam, tentaram prendê-lo, mas ele conseguiu fugir a pé, correndo por dentro de um matagal. O acusado deixou para trás cerca de oito policiais altamente preparados. No momento da prisão, ocorrida nesta quinta-feira, Gilson estava andando de moto pela cidade. Estava tudo bem até receber voz de prisão. Essa suposta doença dele realmente é muito estranha”, argumentou Rodrigo Cavalcanti.
Conforme o delegado, um irmão de Gilson da Silva trabalha como enfermeiro do hospital onde aconteceu a fuga. “Vamos investigar a participação dele e de outras pessoas nesse caso porque não tenho dúvidas de que alguém facilitou a fuga. Pedirei a prisão preventiva de quem participou da ação”, adiantou.
Sobre a transferência solicitada pelo delegado plantonista José Walter Fontes Cunha, Rodrigo Cavalcanti explicou que não havia outra medida. “Foi a melhor decisão, inclusive eu mesmo havia falado com o secretário estadual de Ressocialização e Inclusão Social, tenente-coronel Marcos Sérgio, que tinha conseguido uma vaga no sistema prisional, garantindo todo o atendimento médico que o preso precisaria. Conseguimos até a ambulância adequada para a transferência”, afirmou.
Com a fuga, Gilson da Silva volta ser considerado foragido da Justiça.
A reportagem tentou contato com a médica citada, mas não obteve êxito. A direção da Unidade Mista e Emergência Doutor Antenor Serpa informou que vai se pronunciar a respeito somente depois de apurar o caso.
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