Desde 1808 quando a Corte portuguesa chegou ao Brasil a função de vice – vice-rei, vice-presidente, vice-governador e vice-prefeito – se tornou uma questão emblemática.
Quem convida alguém para ser vice, na política, tem três objetivos certos. O primeiro que o convidado pague a conta da campanha, o segundo que o vice seja seu capacho e por fim, que o vice nunca lhe faça sombra.
É claro que em pouquíssimas situações isso não acontece e esse “não acontecer” se tornou, no Brasil, uma exceção.
Recentemente vimos o caso do vice-governador de Alagoas que entrou em rota de colisão com o próprio partido após decidir ser candidato a prefeito de Arapiraca. E mais recente o episódio envolvendo o prefeito e o vice da sertaneja Olho D'água das Flores.
Lá, o vice, que desde antes das eleições todos sabiam que ele tem projetos políticos próprios e atende a outros caciques, quando teve o nome antecipadamente lançado para suceder o prefeito, foi, digamos, defenestrado dos sonhos e projetos do titular do cargo. É bem provável – e certamente existem – outros motivos para o rompimento, mas é mais certo ainda que tal situação deixou muitos vices sertanejos, que já estão na marca do penalty, com o coração na mão.
Vou melhor explicar. Mesmo vivendo a reboque do titular da chapa os vices ainda conseguem um empreguinho aqui e outro acolá para seus parentes e amigos mais próximos. Outros até conseguem que o prefeito aceite que alguns órgãos do município funcionem em alguma casa de alguém ligado ao vice, claro, com o valor bem mais alto do que se fosse para um eleitor, entre outros mimos e ajudas. Literalmente é um toma lá, cala-se cá. Liberdade ampla, nunca. Vigiada, sempre.
Enfim, vida de vice não é fácil. Meu conselho é: se você tem dinheiro para pagar a campanha que quem lhe convida para ser vice, seja mais esperto e seja você mesmo o candidato. Agora, se você tiver o dinheiro e o povo não vota em você, paciência. Continue só sendo eleitor.
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